Democratização Racial
Nossa história é
marcada pela supervalorização da cultura branca em detrimento dos
demais povos, a exemplo de negros e índios. Estamos no início de um
processo de democratização racial, valorização e reconhecimento
histórico da cultura indígena e africana no Brasil. O histórico
de lutas e conquistas, começou na constituinte 1987. Onde movimentos
sociais que defendiam essa causa, se organizaram e exigiram o
cumprimento dos direitos de negros e índios, historicamente negados
a centenas de anos, fossem respeitados, garantidos e reconhecidos
por parte do Estado, como parcela importante da sociedade
comparticipantes da luta pela construção e formação do
patrimônio material e imaterial da população brasileira.
Portanto, com a
constituição de 1988, os movimentos sociais ganharam forças e
visibilidade. Mas somente em 2003, a lei Nº 10.639 e em 2008, com a
lei N°11.645 , a LDB, passou a incluir no currículo nacional
regular de ensino, celebra portanto, a obrigatoriedade nos
estabelecimentos oficiais e privados de ensino fundamental e médio,
o estudo da história e cultura dos povos indígenas e
afro-brasileiros.
O continente
africano tem uma forte ligação histórica com o Brasil. A herança
sociocultural advindo do processo de colonização, povo que veio de
lá trazendo cultura, religião, culinária, costumes. No entanto,
observamos que não se dar tanta ênfase em sala de aula. Até mesmo
alguns livros didáticos ainda pouco exploram sobre o assunto, dando
maior ênfase ao tema da escravidão, ou seja, o negro como escravo e
de raça inferior. Deles herdamos boa parte de nossa cultura, em
especial a cearense: o samba, a capoeira, as danças, a religião, a
culinária (a feijoada, o baião de dois), as roupas, são
patrimônios imateriais e heranças africanas. Alguns municípios
cearenses tem sua origem na comunidades formadas por negros, a
exemplo de Monsenhor Tabosa. Tivemos quilombos aqui no Ceará, como a
comunidade de Conceição dos Caetanos em Tururu. Manifestações
culturais que acontecem todos os anos como o Maracatu.
Os índios também
foram importantes para nossa história e formação da nossa cultura.
O vocabulário, as lendas, as crendices, a culinária, tipos de
moradias, são exemplos da heranças culturais deixada por esses
povos. A luta de nossos nativos também era contra as moléstias
contagiosas, exploração e brutalidade dos colonizadores e
sobretudo, para se afirmar como etnia. A tapioca, a rede, as danças
e as pinturas são exemplos diversos da influência indígena e
incorporadas a nossa cultura.
As manifestações
culturais ao longo da história foram fazendo parte das nossas
vidas. Segundo estudiosos da cultura indígena, a música sertaneja,
a dança de roda de ciranda, as festas juninas, a música
nordestina, do contrário daquilo que muito pensam, tem origem
indígena. Essas visões
estereotipadas vêm sendo discutidas e afrodescendentes juntamente
com os indígenas vem conquistando espaço em todos os âmbitos da
sociedade, resultando na aquisição de direitos sociais inerentes e
diversificados e de uma nova visão a respeito deles.
Desmistificando a
ideia de uma cultura hegemônica e considerando as sigularidades de
cada raça , tribos ou etnia. Com suas características próprias e
especificidades peculiares de cada povos. Todavia as mudanças são
frutos de lutas constantes das minorias pelo o reconhecimento de
direitos adquiridos. Entretanto, ainda há muito a se lutar para o
total reconhecimento e aceitação da importância desses povos na
composição da sociedade brasileira.Negros e índios
conseguiram espaço nos mais diversificados segmentos da sociedade. E
através do diálogo, foram conquistando respeito, reafirmando sua
identidade e fazendo o Brasil reconhecer a pluralidade e a
diversidade sociocultural do seu povo. Entretanto, ainda há muitas
batalhas para se guerrear e batalhas para se conquistar.
Desigualdades sociais, preconceitos existem e são realidades
inegáveis. Entretanto, o reconhecimento, respeito e aceitação, são
atributos mais que merecidos, a essa parcela importante da
sociedade que tanto tem ajudado a fazer do Brasil essa nação
grande e forte.
REFERENCIAS:
População negra
no Ceará e sua cultura (Revista África e Africanidades. n.3.vol.11,
nov.2010).
O ensino de
história indígena: possibilidades, exigências e desafios com base
na Lei 11.645/2008 (Revista História Hoje, v. 1, n. 2, p. 213-223 -
2012).
Nenhum comentário:
Postar um comentário